Nome da Pesquisa: ONGs e a comunicaҁão para o advocacy a favor da igualdade de gȇnero e dos direitos reprodutivos
Parceria: Reprolatina - City, University of London, financiada pelo Global Challenges Research Fund, Inglaterra
Pesquisadora principal: Dra. Carolina Matos (Professora Sȇnior em Mídia e Sociologia, Departamento de Sociologia, City, University of London)
Sobre o projeto de pesquisa:
A saúde e os direitos sexuais e reprodutivos (SRHR) são essenciais para o avanço da igualdade de gênero e tornaram-se mais urgentes tanto para os países desenvolvidos quanto para os em desenvolvimento. Em muitas partes do mundo, as mulheres ainda estão sujeitas a múltiplas formas de opressão e controle sobre seus corpos e sexualidades, bem como ainda enfrentam dificuldades no acesso aos serviços de saúde. A pandemia global da COVID-19 de 2020 colocou ainda mais pressão sobre as desigualdades estruturais existentes e sobre os esforços para combater a pobreza, tendo a capacidade de fazer retroceder ainda mais os direitos das mulheres, particularmente em áreas como a saúde reprodutiva. Conforme declarou o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), a Covid-19 teve um impacto negativo em alguns dos objetivos da organização, desde a eliminação de mortes maternas evitáveis até o fim da necessidade não atendida de planejamento familiar, particularmente para grupos de mulheres de níveis socioeconômicos mais baixos ou vulneráveis. Nesse contexto, o uso das ferramentas de comunicação por grupos de mulheres e organizações não governamentais (ONGs) de saúde para a defesa da igualdade de gênero tornou-se mais crucial em uma era de desinformação, notícias falsas e manipulação da comunicação, que ameaçam minar mais as políticas públicas de igualdade de gênero e os avanços feitos nos últimos anos.
Esta pesquisa é uma continuação do projeto anterior financiado pelo GCRF entitulado Gênero, comunicações de saúde e ativismo online na era digital (2018-2020), que investigou 52 ONGs localizadas no Norte e no Sul, de países da Europa e América Latina, EUA, Brasil e Índia, includindo organizações como Care UK à Anis Brasil e Crea India. Para esta pesquisa, cujo resultado final será lançado em livro em 2022, foi adotada uma abordagem de pesquisa de métodos mistos, combinando entrevistas em profundidade com mais de 50 especialistas em gênero com a aplicação de questionários aos profissionais de comunicação das organizações e redes feministas e de saúde. Estes foram ainda combinados com a análise de conteúdo e discurso dos sites institucionais, incluindo o desenvolvimento de um livro de códigos que continha categorias específicas cujo objetivo era descrever diferentes tipos de práticas de comunicação, desde a arrecadação e mobilização de fundos até o engajamento e o advocacy da comunidade. O objetivo aqui foi avaliar as maneiras pelas quais essas organizações estão fazendo uso da comunicação de forma mais estratégica. Os resultados iniciais foram publicados na Feminist Media Studies, Novembro de 2020 (https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/14680777.2020.1841813).
Este projeto multidisciplinar contribui assim para a teoria, conhecimento e trabalho empírico sobre gênero e desenvolvimento (Harcourt, 2009) e comunicações para a advocacia de ONGs sobre saúde e direitos sexuais e reprodutivos (SRHR) no Sul global (Wilkins, 2016; Waisbord e Obregon, 2012; Tufte , 2012; Alvarez, 2009; Friedman, 2003). Possui como objetivo contribuir para as discussões sobre o melhor uso de estratégias, ferramentas e práticas de comunicação para a saúde da mulher no Sul global, em particular no Brasil e na América Latina. Os dados coletados, portanto, visam iluminar uma questão de desenvolvimento urgente, buscando fortalecer o debate público sobre a saúde reprodutiva na esfera pública e melhorar o acesso à informação e ao conhecimento sobre a saúde da mulher, permitindo uma maior capacitação em comunicações de defesa de ONGs que trabalham no campo da SRHR. Com a Reprolatina, a PI conduzirá pesquisas adicionais, facilitando grupos focais, bem como desenvolvendo um plano de comunicação de advocacy.
‘This research was support by the Global Challenges Research Funding provided by Research England.’
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